6 de set. de 2016

Coluna do Té - Preconceitos em Naruto | #3AnosDe394

Saudações, velhos e novos leitores! Pois é, este mês o Página 394 completa seus gloriosos 3 anos de existência! Eu sei, eu sei. Já faz alguns meses que o espaço está mal aproveitado, tem um cadinho de teia acumulando ali no cantinho, mas, pelo menos este mês, vou me dedicar a trazer muito conteúdo pra vocês. Bom, no fim do post eu falo mais sobre isso - introduções têm que ser curtinhas, Té! -. Vamos ao conteúdo!

Já não é mais tanta novidade a pauta de coisas proconceituosas na cultura nerd. E assumamos, só o que tem de coisa machista em jogos, HQ's e afins já é bem incômodo. E, como estou reassistindo Naruto do início com a Mari (da coluna Forninho aqui do blog), algumas coisas acabam nos vindo à cabeça. Quantas coisas preconceituosas passam despercebidas durante o enredo? E, acima disso, o quanto disso vem realmente de um roteirista preconceituoso ou não?





Muitas vezes, pode ser bem difícil saber se certas atitudes vêm da mentalidade dos próprios personagens. O quanto do anime acontece pela forma que a sociedade daquele lugar e época encara as coisas? E aí nos deparamos com um grande problema: Onde e quando o anime ocorre?
As primeiras impressões que temos de Naruto nos dizem que o anime se passa numa época antiga. Talvez porque todos os países são governados por senhores feudais, e os protagonistas vivem numa vila um tanto "rústica", digamos. Praticamente não se vê tecnologia avançada por lá. As pessoas se movem de país em país a pé (mesmo que me pareça que os países de lá são do tamanho de cidades, e as cidades do tamanho de bairros), e se comunicam através de pombos-correio e outras aves. Não se vê armas de fogo, só armas brancas, como espadas e shurikens. Enfim, tudo para parecer uma época antiga.
Mas no decorrer do tempo, umas coisinhas meio esquisitas começam a surgir. Além das pessoas já terem energia elétrica em casa, walk-talks são utilizados em algumas missões, jogos eletrônicos de aposta, construções mais modernas, e, pra quem tem bons olhos, até um notebook! Sim, um notebook; não um computador enorme, um notebook, mesmo.


Vila da Folha, onde se passa grande parte do anime. Bem meio do mato mesmo. Será que é caro o aluguél?
Outro grande mistério é o local. Muitas vezes, durante o anime, um mapa é mostrado. Um mapa pequeno, com alguns poucos países. Como eu disse, os países deles parecem ser muito menores que os nossos. Mesmo a pé, não costumam levar mais do que dois ou três dias para ir de um país ao país vizinho, e já chegaram a levar minutos para ir de uma cidade a outra. Mesmo assim, nunca se fala de algo além daquilo, dando a entender que não há mais território explorado por eles. Como se aquele fosse o mapa mundi deles. Sendo um espaço tão pequeno, nunca ouvi falar de quem já tenha decifrado em que parte do mundo aquilo fica, apesar de me parecer muito lógico que fique na Ásia. Não só por ser um desenho asiático, mas por mais coisas que ainda vão ser ditas neste mesmo post.


Ainda não sei como o Páis da Água é uma das 5 Grandes Nações sendo daquele tamanico.
Então, Té, demos voltas e voltas pra voltar ao ponto zero? Qual a relevância disso tudo?
Bom, sabemos que o anime se passa num tempo e lugar desconhecidos por nós. Talvez até isso seja parte da ficção do universo do anime, portanto, não podemos nos precipitar e rotular as coisas assim, de cara. Dito isso, vamos dar uma examinada nos mais básicos preconceitos, aqueles que a gente presencia todo dia em todo lugar.

Homofobia
Sim, imagem retirada do anime. Naruto e Sasuke não se beijaram só uma vez, e nem vai ser a última, hehe.
Logo nos primeiros episódios, mesmo que acidentalmente, ocorre um beijo gay. Naruto sobe numa mesa e fica encarando Sasuke, que está sentado na cadeira, uma pessoa esbarra em Naruto e eles dão um duradouro selinho. Claro que ambos desgostam do acidente. E, como mostra a imagem, o mesmo acidente já se repetiu.
Muito tempo depois, Naruto pensa que um homem está "dando em cima dele" e começa a agir e falar como quem acha isso errado. A partir daí, já começa a dar aquela decepção. "Será que são todos homofóbicos por lá?". Até que, mais um tempo depois, uma mulher questiona Naruto se ele já beijou alguém na vida, e ele, irritado, afirma que sim, mas logo abaixa o tom de voz para acrescentar que foi um homem. Daí vem o orgulho, uma reação natural, numa fala do tipo "Bom, que seja". Aparentemente, nem todos levam isso como absurdo por lá, um ponto pro anime!

Racismo
Depois de chegar nessa parte você vicia em cumprimentar a todos com soquinho.
Uma das características que mais se repete em praticamente todos os animes é a ausência de pessoas negras. Talvez pelo fato da maioria dos enredos se passar na Ásia. Contudo, não faltam personagens pardos e negros em Naruto, e muitos deles ocupando lugares importantes na história. Será, então, que Naruto se passa em outro lugar?
Agora colocamos outra informação na mesa: a grande maioria dos negros vive num mesmo país de maioria negra - o País do Trovão -, sendo os outros países de maioria branca. Ou seja, talvez o anime se passe num lugar onde há esses dois tipos de cultura. Assumindo que vivam no mesmo universo que nós, talvez algo próximo à Índia, que fica na Ásia.
Agora vem mais um detalhe: O fato do personagem Killer Bee, talvez o primeiro personagem realmente negro a integrar a história, ser um rapper. Seria isso um esteriótipo? Eu, como negro e atuante na poesia ritmada, diria que é, na verdade, algo muito positivo. O RAP, movimento que se iniciou entre os negros e pobres, sendo ligado à cultura negra. Isso evita apropriação, então, não haveria personagem melhor pra cumprir esse papel no anime. Mais um ponto!

Machismo
Temari divando com seu leque anti-machista.
As desconfianças já começam quando você repara que a maioria dos trios do anime é formada por dois homens e uma mulher. Aquele mesmo padrão de "1 homem a mais" encontrado na maioria das obras: Power Rangers, Harry Potter, Billy e Mandy... Nenhuma exclusividade dos animes. Ainda assim, isso faz com que a quantidade de mulheres ninja seja mais ou menos a metade da de homens. Mas algo também me passa pela cabeça. Me parece que isso é algo que as próprias mulheres do anime estão lutando pra mudar. Muitas vezes, vemos pessoas se referindo às "ninjas mulher" como algo menos comum. Existem, por exemplo, os 5 líderes das 5 grandes nações, os chamados Kage, que, no início do anime, eram todos homens. No decorrer do anime, quem sucede o lugar de Kage de Konoha - ou Vila da Folha, a vila principal do anime -, é Tsunade, junto à sua ajudante Shizune. Depois, descobre-se que o Kage da vila da névoa também foi trocado por uma mulher.
Um caso mais direto de machismo é nas falas de Shikamaru, quando criança. Sempre reclamando que mulheres são chatas e as tratando como inferiores, até que acaba tendo a vida salva pela Temari, que aproveita pra comentar o quão errado ele está. Além dela, Shikaku, o pai de Shikamaru, também se mostra contra suas atitudes. Felizmente, Shikamaru abandona esse pensamento com o tempo. Ponto pras mulheres do anime!

Religiões
Sacrifique sua vida por Jashin / Sacrifique sua vida pelo dinheiro!
Pelo que me lembro, o único personagem que demonstrava algum desgosto pela crença de outros era Hidan, o que usa o manto aberto na imagem acima. Hidan é Jashinista - crê em Jashin -, e sua religião busca destruição e morte. Kakuzu, seu parceiro de missões, é ateu, e vive matando pessoas cuja cabeça valha uma recompensa alta em dinheiro. Embora ambos amem matar, vivem em desarmonia, e Hidan usa o termo "ateu de m*rda" como uma ofensa a Kakuzu e vários outros não jashinistas. Em uma batalha, lembro de um adversário de Hidan dizendo provavelmente não crer no mesmo Deus que ele, de forma pacífica. Então esse preconceito não parece ser muito comum nesse universo.
Vale lembrar que grande parte das influências do anime vêm de religiões como o shintoísmo - religião japonesa -, o hinduísmo e o budismo - religiões indianas que se popularizou no Japão -, o que alimenta a teoria de que o anime se passa nesses arredores, e consequentemente a do porquê da maioria dos negros viver num mesmo lugar. Um ponto pro anime e um pra mim, pela genialidade.

E aí, Té? O que cê achou disso aí tudo?
Com tudo isso, concluo que, não, o anime em si não foi construído de forma preconceituosa. Muitos personagens são, a cultura do lugar também, mas o enredo sempre coloca alguém de pensamento oposto para contrapor as ideias. Claro, ninguém é perfeito, pode ter escapado algo de negativo por aí, afinal, esta é uma teoria que envolve, também, minha opinião. Sintam-se a vontade para comentar o que acharam, propor debates, sugerir coisas, mas, logicamente, com respeito.

As líderes de vilas, Hokage e Mizukage.

E assim encerramos o primeiro post do mês, e que certamente não será o último! A meta deste mês e publicar 4 Colunas do Té, todas já estão no papel, e, se for tudo como planejado, posso adiantar algo: No mínimo um dos posts será em vídeo! Então continuem acompanhando todas as colunas do blog, aZeus a todos e feliz 3 anos!


-Té.

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. A real, é que o universo do anime é fictício. Tipo beira ao gênero de "mundo fantástico" nesse tipo gênero o autor dita a regra da realidade. Logo acredito que o mundo/sistema ninja se passa na Asia. Mas é uma Asia diferente. Algo interessante é que o mundo do Naruto é culturalmente ásio centrado, por isso existe uma diversidade étnico-racial de pessoas sendo ninjas. Algo que no nosso mundo, infelizmente não pode ocorrer por que os ninjas do nosso mundo deixaram de existir depois da invenção das armas de fogo. E sem falar que nosso mundo é forçadamente euro centrado. Então a cultura ninja se inicio e teve seu fim na Asia.

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  3. um Adendo. Quando falo ninjas do nosso mundo, não estou falando que eles eram iguais aos do mundo do Naruto. Afinal os que existiram na nossa realidade eram seres humanos comuns, com habilidades marciais e só. Algo que não ocorre no mundo ninja do Anime. Já que eles são geneticamente modificados com a energia vital/Chakra, que veio da fruta da arvore divina que no fim era a biju de dez caudas, e que no fim era a própria Otsutsuki Kaguya no Hime.

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